A canção religiosa é mais
praia dos leigos do que dos consagrados. Como está no Brasil,
inverteu-se e clericalizou-se demais a canção. Fala-se demais em padres
cantores quando somos menos de 0,3% dos cantores católicos. São mais de
40.000 os leigos que cantam nas igrejas e animam as liturgias. São mais
de 2.500 as bandas e os corais. São mais de 5.000 os que cantam
regularmente em shows de animação pastoral. Mas porque era inusitado, a
imprensa resolve falar dos padres cantores. Um padre pode cantar mal,
desafinado e sem compasso diante de 10 bons cantores que a imprensa
falará do padre e ignorará os leigos cantores. Seria como consagrar o
perna-de-pau só porque é da direção do time e ignorar os jogadores que
realmente entendem de bola.
Sou
provavelmente o mais conhecido dos padres que cantam. Mas rejeito
sistematicamente este título de padre cantor. Chama demais a atenção
para um aspecto da vida do padre. Admito tranqüilamente que sem os
leigos me ajudando, minha canção jamais teria chegado aonde chegou. Que
se valorize mais a canção dos leigos. Gostaria de ver os leigos ficarem
famosos e ganharem cobertura da imprensa. Agora acho que somos lembrados
mais porque somos padres do que por sermos cantores. Sustento que os
padres, em geral, não cantam bem. Que se valorize mais os rapazes e as
moças que sabem cantar. Isso também é pastoral de juventude! Acho que
nós, padres, estamos roubando a cena. Tomemos o cuidado de sempre pôr os
jovens em primeiro plano no nosso palco!
CANÇÃO E MARTÍRIO
Tenho
dito aos jovens que me procuram pedindo uma chance de cantar a fé, que
cantar é martírio. Cantar de vez em quando é uma coisa. Viver a serviço
da canção é muito difícil. Não há garantia de sustento, raramente o
sucesso chega; há competições, às vezes, cruéis mesmo dentro das
igrejas, muita gente que nos puxa o tapete, grupos que gentilmente
afastam grupos que não cantem na linha deles e existe ainda a cobrança
permanente quando o cantor ou a cantora atinge algum sucesso. É um
ministério que nos expõe. Que os cantores da fé saibam que não
embarcaram de viola nas costas para um piquenique. Ponham a viola ou o
teclado num ombro e a cruz no outro. Vai haver sofrimento!
Pe. Zezinho, scj
Fonte: http://www.portaldamusicacatolica.com.br/pe_zezinho_09.asp acesso em 26/06/13 as 10:35hs
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